Alguém já reparou que todo filme de comédia romântica tem por obrigação constar em seu título o substantivo abstrato "amor"? Posso citar alguns para refrescar a memória como:
Jogos de Amor em Las Vegas, Simplesmente Amor, Abaixo o Amor, Embriagado de Amor, Novidades do Amor, Raio que o parta do amor (esse eu inventei). Mesmo que o título original não tenha nada haver com sua tradução o amor está lá. Então você me pergunta: Que mal há nisso? Não há mal nenhum quando no título não vem de brinde no pacote a picaretagem. Não entendeu? Explico. Geralmente, (tomara que a minha namorada não me leve a mal) homem não gosta de comédia romântica, seja lá por qual motivo for (mas quando gostam também não admitem). Os tradutores, espertos que são, tascam o bendito amor no título para atrair a mulherada, porque sabem que o filme é ruim. Suponhamos que está lá o casalzinho no final de semana pra pegar aquele cineminha bacana, e dentre todos os filmes os que mais chamam a atenção deles são: Idas e vindas do amor e Os Mercenários (que ainda não estreou), qual filme que vocês acham que o casal vai assistir? Dou-lhe uma, dou-lhe duas. É claro que é o filmezinho romântico gente, lógico. Porque quem manda na relação é a mulher (homens! aprendam isso de uma vez por todas)
Às vezes me surpreendo com alguns desses filmes, mas por via de regra a maioria é péssimo, quando melhor são ruim. E porque eu penso assim? me corrijam se eu estiver errado, mas a maioria é sobre um casal (lógico dãã) que no começo não se gostam, mas com o passar do tempo começam a se gostar, e quando a gente acha que a relação vai deslanchar acontece uma reviravolta para que o casal brigue, então o cara ou a mocinha tem que correr contra o tempo pra salvar a relação e reaver seu amado ou amada e terminam juntos felizes para sempre. E ai? inventei alguma coisa ou não é assim que acontece? Cadê a originalidade pessoal? Porque somos facilmente enganados por esse filmes que são lançados aos montes todo ano nos cinemas? Aí você me diz: mas são filmes bonitinhos, que falam de amor e deixa a gente feliz. Tudo bem, eu entendo que gosto e umbigo cada um tem o seu. Mas será que não cansa ver a mesma coisa o tempo todo? Será que é pedir demais nos apresentarem algo diferente, que não duvide da nossa capacidade intelectual e que tenha haver com o nosso cotidiano? Ou você é uma super-executiva que mora em uma das coberturas mais caras de Nova Yorque e se apaixona pelo seu novo colega de trabalho?
Mas por providência divina cai uma gota de orvalho em um incêndio, e somos presenteados por uma pérola da sétima arte chamada 500 dias com ela. O roteiro é trivial: jovem solitário se apaixona pela nova colega de trabalho e parte em busca de sua conquista. A diferença nesse caso é a forma de contar o "mais do mesmo". Pra começar o filme Inicia pelo fim, e sua trama se desenrola em flashbacks e flashforwards do personagem principal protagonizado pelo excelente Joseph Gordon-Levitt (para quem não lembra dele, é aquele menininho histérico do Jurassick Park).
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5l-3_5nIcVxHqU5KY1l_Nr6wgeAw6Vux2atNPZE_QjwLZ1pAQF4ao_F74k5NQspaLihoxEU-RoRmoiE19J64BcysIptOWdGQ0pg1vP370q84Sk_mNkp2NOX-yxScuF9LlcDtsP2ulQ_VT/s320/500-dias-com-ela00.jpg)
De cara você já percebe que há algo diferente na narrativa, onde nas cenas as cores ou se opacam ou se intensificam de acordo com o humor do personagem, que no meio do filme ensaia até um musical a la Mary Poppins. A introdução da belíssima atriz Zooey Deschanel já quebra com todos os paradigmas e esterótipos da garota perfeita devido a sua beleza natural e não artificial, como vemos na maioria dos filmes do gênero. Destaque também para sua atuação, com um ar misterioso e olhar soturno que deixa qualquer marmanjo apaixonado, e também pela trilha sonora marcante escolhida a dedo que vão render alguns suspiros. Se alguém quer romance, nesse filme tem. Se alguém quer identificação com a vida a dois, de pessoas reais que batalham para pagar o aluguel e querem vencer na vida, também tem. Se alguém quer aprender com os conflitos do casal e o que fazer para solucioná-los, vejam só, estão presentes aqui também. E o melhor de tudo, é um filme inteligente, que deixa mensagens nas entrelinhas, mas também coloca em evidência os sentimentos e as relações humanas sem ofender nosso bom senso. E o final? o que dizer do final, caro leitor, com certeza é diferente de tudo o que você tem visto ultimamente. Alguns ja o definiram como não sendo um filme de amor, mas sobre o amor.
"500 dias com ela" corre um sério risco de se tornar um clássico contemporâneo, e não é exagero, não somente pelas indicações ao Globo de Ouro por melhor filme e melhor ator em comédia romântica, mas porque inova e muito em uma temática batida e dificil de não cair no clichê, que aliás é quase imperceptível. A obra é artísticamente sóbria e lida muito bem com a sensibilidade sem se tornar piegas, mérito para o diretor estreante Marc Webb. Acredito que em razão de sua qualidade se tornará referência a alguns diretores que respeitam seu público e não se preocupam com o quanto que a produção vai lhe render. Mas se mesmo assim você não gostou de 500 dias com ela e ainda prefere continuar a ser um caça-níquel ambulante, keep going, continue a assistir as mesmas historinhas que até uma criança de dois anos de idade sabe como vai começar e como vai acabar.
Jogos de Amor em Las Vegas, Simplesmente Amor, Abaixo o Amor, Embriagado de Amor, Novidades do Amor, Raio que o parta do amor (esse eu inventei). Mesmo que o título original não tenha nada haver com sua tradução o amor está lá. Então você me pergunta: Que mal há nisso? Não há mal nenhum quando no título não vem de brinde no pacote a picaretagem. Não entendeu? Explico. Geralmente, (tomara que a minha namorada não me leve a mal) homem não gosta de comédia romântica, seja lá por qual motivo for (mas quando gostam também não admitem). Os tradutores, espertos que são, tascam o bendito amor no título para atrair a mulherada, porque sabem que o filme é ruim. Suponhamos que está lá o casalzinho no final de semana pra pegar aquele cineminha bacana, e dentre todos os filmes os que mais chamam a atenção deles são: Idas e vindas do amor e Os Mercenários (que ainda não estreou), qual filme que vocês acham que o casal vai assistir? Dou-lhe uma, dou-lhe duas. É claro que é o filmezinho romântico gente, lógico. Porque quem manda na relação é a mulher (homens! aprendam isso de uma vez por todas)
Às vezes me surpreendo com alguns desses filmes, mas por via de regra a maioria é péssimo, quando melhor são ruim. E porque eu penso assim? me corrijam se eu estiver errado, mas a maioria é sobre um casal (lógico dãã) que no começo não se gostam, mas com o passar do tempo começam a se gostar, e quando a gente acha que a relação vai deslanchar acontece uma reviravolta para que o casal brigue, então o cara ou a mocinha tem que correr contra o tempo pra salvar a relação e reaver seu amado ou amada e terminam juntos felizes para sempre. E ai? inventei alguma coisa ou não é assim que acontece? Cadê a originalidade pessoal? Porque somos facilmente enganados por esse filmes que são lançados aos montes todo ano nos cinemas? Aí você me diz: mas são filmes bonitinhos, que falam de amor e deixa a gente feliz. Tudo bem, eu entendo que gosto e umbigo cada um tem o seu. Mas será que não cansa ver a mesma coisa o tempo todo? Será que é pedir demais nos apresentarem algo diferente, que não duvide da nossa capacidade intelectual e que tenha haver com o nosso cotidiano? Ou você é uma super-executiva que mora em uma das coberturas mais caras de Nova Yorque e se apaixona pelo seu novo colega de trabalho?
Mas por providência divina cai uma gota de orvalho em um incêndio, e somos presenteados por uma pérola da sétima arte chamada 500 dias com ela. O roteiro é trivial: jovem solitário se apaixona pela nova colega de trabalho e parte em busca de sua conquista. A diferença nesse caso é a forma de contar o "mais do mesmo". Pra começar o filme Inicia pelo fim, e sua trama se desenrola em flashbacks e flashforwards do personagem principal protagonizado pelo excelente Joseph Gordon-Levitt (para quem não lembra dele, é aquele menininho histérico do Jurassick Park).
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5l-3_5nIcVxHqU5KY1l_Nr6wgeAw6Vux2atNPZE_QjwLZ1pAQF4ao_F74k5NQspaLihoxEU-RoRmoiE19J64BcysIptOWdGQ0pg1vP370q84Sk_mNkp2NOX-yxScuF9LlcDtsP2ulQ_VT/s320/500-dias-com-ela00.jpg)
De cara você já percebe que há algo diferente na narrativa, onde nas cenas as cores ou se opacam ou se intensificam de acordo com o humor do personagem, que no meio do filme ensaia até um musical a la Mary Poppins. A introdução da belíssima atriz Zooey Deschanel já quebra com todos os paradigmas e esterótipos da garota perfeita devido a sua beleza natural e não artificial, como vemos na maioria dos filmes do gênero. Destaque também para sua atuação, com um ar misterioso e olhar soturno que deixa qualquer marmanjo apaixonado, e também pela trilha sonora marcante escolhida a dedo que vão render alguns suspiros. Se alguém quer romance, nesse filme tem. Se alguém quer identificação com a vida a dois, de pessoas reais que batalham para pagar o aluguel e querem vencer na vida, também tem. Se alguém quer aprender com os conflitos do casal e o que fazer para solucioná-los, vejam só, estão presentes aqui também. E o melhor de tudo, é um filme inteligente, que deixa mensagens nas entrelinhas, mas também coloca em evidência os sentimentos e as relações humanas sem ofender nosso bom senso. E o final? o que dizer do final, caro leitor, com certeza é diferente de tudo o que você tem visto ultimamente. Alguns ja o definiram como não sendo um filme de amor, mas sobre o amor.
"500 dias com ela" corre um sério risco de se tornar um clássico contemporâneo, e não é exagero, não somente pelas indicações ao Globo de Ouro por melhor filme e melhor ator em comédia romântica, mas porque inova e muito em uma temática batida e dificil de não cair no clichê, que aliás é quase imperceptível. A obra é artísticamente sóbria e lida muito bem com a sensibilidade sem se tornar piegas, mérito para o diretor estreante Marc Webb. Acredito que em razão de sua qualidade se tornará referência a alguns diretores que respeitam seu público e não se preocupam com o quanto que a produção vai lhe render. Mas se mesmo assim você não gostou de 500 dias com ela e ainda prefere continuar a ser um caça-níquel ambulante, keep going, continue a assistir as mesmas historinhas que até uma criança de dois anos de idade sabe como vai começar e como vai acabar.