quarta-feira, 30 de junho de 2010

Cinema nacional


Que emocionante, minha primeira postagem e já detonando uma geração perdida. É um trabalho sujo, mas alguém tem que fazê-lo (frase montada é dose).
O cinema brasileiro sofre muito preconceito por parte do grande público, mas porque existe esse preconceito? Simples. A grande mídia (leia-se globo e afins) até um certo período de sua curta existência exibia programações, digamos, mais consistentes do que se vê hoje em dia. Atualmente, empurra para os seus telespectadores aquilo que é mais facilmente digerido. Se fôssemos entrar no mérito, teríamos que esmiuçar desde golpe militar até um sistema educacional mais eficaz, mas isso fica para uma futura postagem.
Então, você que conseguiu chegar até aqui deve estar se perguntando: que raios que tem haver cinema com televisão brasileira? Eu te respondo, meu caro amigo, tudo. Apesar de que a internet reina absoluta no quesito "entretenimento de escolha", mas há menos de 10 anos (isso, aqui no Brasil, lógico) a internet não era tão popular, e nem se falava de inclusão digital e o que sobrava? Domingão do Faustão, Domingo legal, Vídeo Show, novelas, daí ladeira a baixo. Então, foi se construindo no imaginário popular o que eu chamo de "cultura Sonrisal" (merchã gratuito), porque tudo aquilo que foi absorvido é facilmente esquecido. Àqueles que nunca viram um programa dos citados acima que atire a primeira pedra, porque naquela época, infelizmente, era o que sobrava quando não se tinha o que fazer, e a coisa está só piorando (ouvi alguém dizer BBB aí?). Então, aquele chato pergunta de novo: mas o que esses programas têm haver com o cinema nacional? Agora é que vem a jogada, não só esses programas têm haver, como sua existência contribui para o empobrecimento daquilo que deveria ser importante e de valor.
Essa Cultura Sonrisal impede as pessoas de se prenderem e se interessarem por conteúdos um pouco mais densos e complexos, porque estão condicionadas a lidar com uma mídia mais volátil, que não se questiona, e que não coloca o cérebro para funcionar, e isso envolve não só o cinema nacional, mas outros segmentos midiáticos.
A televisão brasileira tem enfrentado um sério declive na sua audiência devido ao maior número de pessoas quem têm acesso a internet. Mas será que isso é bom? Depende do seu ponto de vista. Por um lado é empolgante saber da queda dessa audiência que massifica, mas por outro a quantidade de programas apelativos que pipocam na ânsia de atrair o público é absurda. Então, as pessoas acessando a internet vai resolver? Vejamos dessa forma, aquelas mesmas pessoas que tinham o costume de assistir esses "dejetos cerebrais" podem não mais ligar sua televisão, mas acessam conteúdos que não contribuem para uma melhor formação crítica e de quebra não ajuda a mudar esse quadro. Como eu sei disso? Você já ouviu falar numa máxima que diz "o costume do cachimbo é a boca torta?" Amigo o estrago está feito. Sei que existe esperança para que ocorra uma mudança, que existem pessoas interessadas naquilo que realmente moldam um bom senso crítico, para que a mudança não seja só no que vai deixar de assistir ou acessar, mas em quem votar ou em ser um bom cidadão, mas somos poucos.
A minha intenção não é alardear, mas creio que a caixa de Pandora foi aberta.
Para validar o raciocínio, vamos citar um excelente filme do cinema nacional chamado "Estômago". Com certeza de dez pessoas uma já ouviu falar, e olha que estou sendo otimista. Mas, se eu perguntar quem ganhou o último BBB aposto que está na ponta da língua. Então, fica o questionamento: será que tenho que ver filme que ninguém ouve falar para melhorar a concepção do cinema nacional? Bom, seria um ótimo começo, porque você sairia de um limbo existencial para experimentar um mundo novo, mas para sair desse "estatu quo" a mudança teria que ser radical. Mas que mudança radical? Eu te digo, NÃO DAR MAIS AUDIÊNCIA PARA ESSE TIPO DE PROGRAMAÇÃO, porque quem financia essa m... é você mesmo (me desculpe, Capitão Nascimento). Transforme esse tempo perdido em algo produtivo como ler um livro (um bom livro, nada de saga Crepúsculo) plantar uma árvore, fazer qualquer coisa que o resultado final seja o crescimento de sua pessoa como ser humano. É difícil? É sim, mas nada que se tenha valor é fácil de ser conquistado, para que as futuras gerações compreendam a importância da auto-crítica e das mazelas que uma mídia somente interessada em encher seus bolsos de dinheiro comprometem ao alienar seus telespectadores.